"Você sente medo? Você vai sentir!"
Independentemente de qualquer discussão sobre quem venceu a guerra dos 128bits, o fato é que grandes jogos foram lançados nessa época. E, em meio a tantos bons jogos, um se destacava por alguns motivos bem interessantes, mas o que mais chama a atenção é em qual console ele saiu, o Nintendo Gamecube, afinal, com sua política "jogos para toda família", é difícil imaginar um jogo assim em um aparelho dela...
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Capa do jogo...
Aliás, ele já começa com uma tela dessas...
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Edgar Alan Poe, um dos meus favoritos...
Eternal Darkness: Sanity’s Requiem foi um jogo de... de... Rapaz, que difícil classificá-lo. Vamos ver alguns itens que fazem parte do jogo:
- Zumbis? Confere.
- Câmera em terceira pessoa que mais atrapalha do que ajuda? Confere.
- Clima sombrio? Confere.
- Puzzles para abrir portas que você poderia abrir com um único tiro? Confere.
Olhando rapidamente, é fácil algum desavisado pensar que se trata de algum Resident Evil mas, apesar das similaridades, são jogos totalmente diferentes.
Eternal Darknessé um survival horror. Na verdade, ele era tratado como um thriller psicológico desenvolvido pela Silicon Knights, e é ai que fica a grande sacada do título, pois ele brinca com a sanidade, não apenas do personagem, mas do próprio jogador.
Eternal Darkness tem basicamente 3 marcadores na tela, um para a vida do personagem, um para as magias e um marcador que indica o nível de sanidade. Quanto mais cheia a barra, mais senhor de si cada personagem está e quanto mais vazia a barra, mais próximo da loucura ele está.
Sem spoilers, ED foi uma das melhores experiências no mundo do games que já tive até hoje. A história em sim é puro clichê, em que a jovem Alexandra Roivas descobre que o avô foi assassinado e, como única descendente dele, precisa reconhecer o corpo. O problema é que ao chegar lá simplesmente não há uma cabeça para reconhecer e ela o faz pelo anel de família que ele está usando. Depois disso, ela decide investigar a mansão do avô para encontrar pistas sobre o assassinato. Puxa, isso é tão Resident Evil...
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Logo no início, Alexandra encontra o Tomo da Escuridão Eterna, um livro feito com pele e ossos que conta uma história sobre seres demoníacos que querem dominar a Terra e ai é que a coisa muda. Durante o jogo, Alexandra lê trechos do livro que se passam em várias eras diferentes. Ao todo são 12 personagens que você controla, desde um centurião romano do ano 26 A.C. a um arquiteto italiano do ano 1460 D.C. E cada personagem tem características ímpares, o que contribui com o fator psicológico do jogo. Alguns deles são ágeis e manejam bem armas, como o próprio centurião ou um explorador tipo "Indiana Jones" de 1983, mas aflição mesmo é controlar o já citado arquiteto chamado Roberto Bianchi. Imagine a cena: Bianchié um arquiteto, então por que ele cuidaria do corpo e manteria a boa forma? Falando de games, a premissa é que qualquer pessoa é capaz de peripécias mil, mas não em Eternal Darkness. Roberto Bianchié um gordo tipo Faustão e sua resistência é quase zero, portanto, se você ataca um zumbi ele cansa e a espada parece pesar uma tonelada. E se tentar correr? Ele dá três ou quatro passos e já fica com a língua de fora. Tenso...
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Eu quero correr, mas não consigo...
Quando você encontra um zumbi, seu personagem fica verde por um instante para representar o medo que o personagem está sentindo e, aliás, verde é também a cor do medidor de sanidade. Com o medidor baixo as coisas mais estranhas começam a acontecer na tela.
Apesar de ser um jogo antigo e difícil de encontrar a um preço justo, evitarei escrever algo que estrague a experiência de quem não jogou, mas quero citar algumas surpresas do game. Em dado momento, você entra em uma sala e seu personagem começa a andar sozinho, você não o controla, ai a cabeça dele cai. Depois disso, a tela volta para o seu jogador e na verdade você nem mesmo abriu a porta. Em outra parte, você entra em uma sala infestada de zumbis e o controle para de funcionar, aparecendo a tela de mal-funcionamento do mesmo e mais uma vez você não tinha nem mesmo aberto a porta. E imagine a minha surpresa ao estar em uma sala com zumbis e a TV simplesmente desliga? Outro efeito do jogo. Agora, nada se compara a você tentar salvar o jogo e do nada do nada o game apaga seu savegame. São tantas coisas diferentes... Tantas formas de nos deixar louco...
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Rapaz, é tenso, viu?
Logo no início do jogo, você deve escolher entre três demônios diferentes chamados Xel’lotah, Chattur’gah e Ullyaoth. Na prática, cada escolha diz apenas se você pode morrer mais rápido ou se pode ficar louco rapidinho. Nada de bom nas suas escolhas, e cada entidade é representada por uma cor e é inimiga da outra, portanto, a vida não fica fácil em momento algum.
Além dos zumbis, o jogo também tem outros inimigos, como os trappers, criaturinhas parecidas com escorpiões que são cegas e só se localizam por meio de som. Para evitá-las, basta ficar parado e esperar que saiam de perto. Caso te ouçam, elas te enviam para outra dimensão para enfrentar monstros e zumbis até voltar ao seu mundo. Mas é claro que dá para dar um tiro de longe neles e ficar tranquilo.
Outro monstro que se enfrenta é chamado de Horror (assim mesmo!), que é lento e grande, por isso é só ficar longe dele e atacar pelas costas. E temos também humanos possuídos, que ficam lá andando para lá e para cá, mas do nada começam a atacar. Se isso acontecer, tiro neles!
Uma dica é jogar sempre com o marcador baixo, pois com a sanidade cheia o game acaba sendo um título normal como qualquer outro do gênero. Mas não deixe sempre o marcador baixo, pois eu deixei uma hora o jogo parado para buscaruma cerveja um refrigerante e o meu personagem não aguentou a loucura ao ver sangue escorrendo pela parede e gritos desesperados ao fundo e se matou...
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Tem um minuto para ouvir a palavra de Chattur’gah?
É difícil evitar referências a Resident Evil, mesmo porque visualmente são bem parecidos. Tratando-se de jogabilidade, são jogos parecidos e a escolha de câmera e até mesmo a mansão do avô da Alexandra remete ao outro game. Mas nem de longe isso chega a atrapalhar.
Mas tirando a jogabilidade, mansão e zumbis da frente, Eternal Darkness faz uso de magias, que são realizadas através de runas, pedras que você encontra em partes do cenário e, juntando-as, você pode criar magias novas, desde restaurar a sanidade, energia e dá até mesmo para invocar zumbis para você controlar. Legal isso!
Um detalhe interessante é que, apesar de você controlar vários personagens diferentes, nenhum deles tem um final feliz. Determinado personagem morre, outro fica louco e é internado em um sanatório e por aí vai...
Outro fator interessante é a parte sonora do jogo, que contribui para deixar o jogador ligado a todo momento. Como eu escrevi acima, se o medidor de sanidade está cheio, o game corre normalmente, com o barulho de passos e o desembainhar de espadas, agora, se a sanidade está quase zero o jogo se transforma e é possível ouvir gritos desesperados de socorro e mulheres e crianças chorando. É, no mínimo, perturbador...
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O jogo prega cada susto...
www.youtube.com/watch?v=RSXcajQnascSpoilers, meu filho...
É uma pena que Eternal Darkness não seja conhecido do grande público, afinal, é um jogo muito bem feito e oriundo de uma época em que grandes franquias surgiam, como Devil May Cry ou God of War, mas o pequeno console cúbico não fez feio. Eternal Darkness é um daqueles títulos que ninguém pode deixar passar, principalmente se você gosta de se assustar a cada instante. Portanto, ligue seu Gamecube (ou Wii, que é onde eu joguei), apague as luzes, aumente o volume e Vão Jogar!
por João Roberto sobre Degustando, GameCube em 23/10/2015 às 13:20:18 veja no site
Independentemente de qualquer discussão sobre quem venceu a guerra dos 128bits, o fato é que grandes jogos foram lançados nessa época. E, em meio a tantos bons jogos, um se destacava por alguns motivos bem interessantes, mas o que mais chama a atenção é em qual console ele saiu, o Nintendo Gamecube, afinal, com sua política "jogos para toda família", é difícil imaginar um jogo assim em um aparelho dela...

Capa do jogo...
Aliás, ele já começa com uma tela dessas...

Edgar Alan Poe, um dos meus favoritos...
Eternal Darkness: Sanity’s Requiem foi um jogo de... de... Rapaz, que difícil classificá-lo. Vamos ver alguns itens que fazem parte do jogo:
- Zumbis? Confere.
- Câmera em terceira pessoa que mais atrapalha do que ajuda? Confere.
- Clima sombrio? Confere.
- Puzzles para abrir portas que você poderia abrir com um único tiro? Confere.
Olhando rapidamente, é fácil algum desavisado pensar que se trata de algum Resident Evil mas, apesar das similaridades, são jogos totalmente diferentes.
Eternal Darknessé um survival horror. Na verdade, ele era tratado como um thriller psicológico desenvolvido pela Silicon Knights, e é ai que fica a grande sacada do título, pois ele brinca com a sanidade, não apenas do personagem, mas do próprio jogador.
Explique, João...
Eternal Darkness tem basicamente 3 marcadores na tela, um para a vida do personagem, um para as magias e um marcador que indica o nível de sanidade. Quanto mais cheia a barra, mais senhor de si cada personagem está e quanto mais vazia a barra, mais próximo da loucura ele está.
Sem spoilers, ED foi uma das melhores experiências no mundo do games que já tive até hoje. A história em sim é puro clichê, em que a jovem Alexandra Roivas descobre que o avô foi assassinado e, como única descendente dele, precisa reconhecer o corpo. O problema é que ao chegar lá simplesmente não há uma cabeça para reconhecer e ela o faz pelo anel de família que ele está usando. Depois disso, ela decide investigar a mansão do avô para encontrar pistas sobre o assassinato. Puxa, isso é tão Resident Evil...

Logo no início, Alexandra encontra o Tomo da Escuridão Eterna, um livro feito com pele e ossos que conta uma história sobre seres demoníacos que querem dominar a Terra e ai é que a coisa muda. Durante o jogo, Alexandra lê trechos do livro que se passam em várias eras diferentes. Ao todo são 12 personagens que você controla, desde um centurião romano do ano 26 A.C. a um arquiteto italiano do ano 1460 D.C. E cada personagem tem características ímpares, o que contribui com o fator psicológico do jogo. Alguns deles são ágeis e manejam bem armas, como o próprio centurião ou um explorador tipo "Indiana Jones" de 1983, mas aflição mesmo é controlar o já citado arquiteto chamado Roberto Bianchi. Imagine a cena: Bianchié um arquiteto, então por que ele cuidaria do corpo e manteria a boa forma? Falando de games, a premissa é que qualquer pessoa é capaz de peripécias mil, mas não em Eternal Darkness. Roberto Bianchié um gordo tipo Faustão e sua resistência é quase zero, portanto, se você ataca um zumbi ele cansa e a espada parece pesar uma tonelada. E se tentar correr? Ele dá três ou quatro passos e já fica com a língua de fora. Tenso...

Eu quero correr, mas não consigo...
E a sanidade, João? E a sanidade?!
Quando você encontra um zumbi, seu personagem fica verde por um instante para representar o medo que o personagem está sentindo e, aliás, verde é também a cor do medidor de sanidade. Com o medidor baixo as coisas mais estranhas começam a acontecer na tela.
Apesar de ser um jogo antigo e difícil de encontrar a um preço justo, evitarei escrever algo que estrague a experiência de quem não jogou, mas quero citar algumas surpresas do game. Em dado momento, você entra em uma sala e seu personagem começa a andar sozinho, você não o controla, ai a cabeça dele cai. Depois disso, a tela volta para o seu jogador e na verdade você nem mesmo abriu a porta. Em outra parte, você entra em uma sala infestada de zumbis e o controle para de funcionar, aparecendo a tela de mal-funcionamento do mesmo e mais uma vez você não tinha nem mesmo aberto a porta. E imagine a minha surpresa ao estar em uma sala com zumbis e a TV simplesmente desliga? Outro efeito do jogo. Agora, nada se compara a você tentar salvar o jogo e do nada do nada o game apaga seu savegame. São tantas coisas diferentes... Tantas formas de nos deixar louco...

Rapaz, é tenso, viu?
Logo no início do jogo, você deve escolher entre três demônios diferentes chamados Xel’lotah, Chattur’gah e Ullyaoth. Na prática, cada escolha diz apenas se você pode morrer mais rápido ou se pode ficar louco rapidinho. Nada de bom nas suas escolhas, e cada entidade é representada por uma cor e é inimiga da outra, portanto, a vida não fica fácil em momento algum.
Além dos zumbis, o jogo também tem outros inimigos, como os trappers, criaturinhas parecidas com escorpiões que são cegas e só se localizam por meio de som. Para evitá-las, basta ficar parado e esperar que saiam de perto. Caso te ouçam, elas te enviam para outra dimensão para enfrentar monstros e zumbis até voltar ao seu mundo. Mas é claro que dá para dar um tiro de longe neles e ficar tranquilo.
Outro monstro que se enfrenta é chamado de Horror (assim mesmo!), que é lento e grande, por isso é só ficar longe dele e atacar pelas costas. E temos também humanos possuídos, que ficam lá andando para lá e para cá, mas do nada começam a atacar. Se isso acontecer, tiro neles!
Uma dica é jogar sempre com o marcador baixo, pois com a sanidade cheia o game acaba sendo um título normal como qualquer outro do gênero. Mas não deixe sempre o marcador baixo, pois eu deixei uma hora o jogo parado para buscar

Tem um minuto para ouvir a palavra de Chattur’gah?
E a jogabilidade, magias e todo o resto?
É difícil evitar referências a Resident Evil, mesmo porque visualmente são bem parecidos. Tratando-se de jogabilidade, são jogos parecidos e a escolha de câmera e até mesmo a mansão do avô da Alexandra remete ao outro game. Mas nem de longe isso chega a atrapalhar.
Mas tirando a jogabilidade, mansão e zumbis da frente, Eternal Darkness faz uso de magias, que são realizadas através de runas, pedras que você encontra em partes do cenário e, juntando-as, você pode criar magias novas, desde restaurar a sanidade, energia e dá até mesmo para invocar zumbis para você controlar. Legal isso!
Um detalhe interessante é que, apesar de você controlar vários personagens diferentes, nenhum deles tem um final feliz. Determinado personagem morre, outro fica louco e é internado em um sanatório e por aí vai...
Outro fator interessante é a parte sonora do jogo, que contribui para deixar o jogador ligado a todo momento. Como eu escrevi acima, se o medidor de sanidade está cheio, o game corre normalmente, com o barulho de passos e o desembainhar de espadas, agora, se a sanidade está quase zero o jogo se transforma e é possível ouvir gritos desesperados de socorro e mulheres e crianças chorando. É, no mínimo, perturbador...

O jogo prega cada susto...
Por fim...
www.youtube.com/watch?v=RSXcajQnascSpoilers, meu filho...
É uma pena que Eternal Darkness não seja conhecido do grande público, afinal, é um jogo muito bem feito e oriundo de uma época em que grandes franquias surgiam, como Devil May Cry ou God of War, mas o pequeno console cúbico não fez feio. Eternal Darkness é um daqueles títulos que ninguém pode deixar passar, principalmente se você gosta de se assustar a cada instante. Portanto, ligue seu Gamecube (ou Wii, que é onde eu joguei), apague as luzes, aumente o volume e Vão Jogar!
por João Roberto sobre Degustando, GameCube em 23/10/2015 às 13:20:18 veja no site